Se eu te disser que tenho uma maçã em minhas mãos e que irei soltá-la, o que você acredita que acontecerá? Agora quero que você pense em uma mulher que trabalha como diarista e usa avental na casa de uma família nobre da sociedade. Muito provavelmente você pensou em uma mulher de meia-idade ou até mais velha, de pele preta ou parda, estou correto?
O que os dois exemplos anteriores têm em comum? Crenças que aprendemos durante a nossa vida, afirmações que nos fazem construir uma convicção social positiva ou negativa. No entanto, quando falamos de uma sociedade racista, existe uma grande possibilidade dessa construção ser regada de inverdades e injustiças.
John Locke, em sua obra "Ensaio Acerca do Entendimento Humano", de 1689, apresenta a teoria da "tábula rasa" ou "folha limpa", retratando que todo ser humano nasce livre de qualquer tipo de crença, seja ela limitante ou não.
Então, eu te pergunto, quem te ensinou a ser racista? Quem te disse que negro não precisa usar protetor solar? Quem te ensinou que todo preto sabe sambar? Por que você acredita que cabelo ruim é o cabelo crespo?
A sociedade, que por sua base é racista, vai ampliando de forma muito orgânica essa ideia sutil sobre os lugares e posições que podem ou não ser alcançados por alguns grupos minoritários como mulheres, pobres, negros, pessoas em situação de rua, ciganos, indígenas, pessoas com deficiências e a comunidade LGBTQIAP+.
Para combater essas crenças limitantes, é necessário inicialmente reconhecê-las e desenvolver novos vieses inconscientes utilizando outras vivências, como a arte, literatura negra, audiovisual negro e musicalidade negra. É super importante proporcionar a vivência com pessoas diferentes de você, ampliando ainda mais a sua capacidade de compreensão do diferente e múltiplos prismas sobre questões sociais.